quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O Ano Novo

Eu sempre gostei da passagem do tempo. Adoro meu aniversário, gosto muito de Réveillon e essa sensação de algo novo que vem por aí me dá uma motivação muito gostosa. Mas faz alguns anos que não via mais tanta graça nessa coisa de mais um ano. A vida acabava não mudando muito com o calendário. O dia a dia era o mesmo, sem muita novidade e o calorzinho do meu coração também foi diminuindo. Eu lembro de como eu me sentia feliz quando depois de batermos muita perna na rua, chegávamos em casa com muitos livros, material escolar e íamos encapando eles, anotando os nomes, guardando os lápis de cor. Ah! Livros e lápis de cor! São duas das coisas que eu tenho uma relação de ternura e encantamento. Livro novo tinha cheiro de ano novo, tinha gosto de muita coisa nova pra aprender, tinha cheiro de atividade mimeografada na escola e que eu coloria com meus lápis e muito capricho. Ano novo tinha cara de férias com os primos, de praia até pegar insolação (que Deus me perdoe por isso. rsrs), de quantos picolés capelinha a gente conseguisse chupar, de videogame, de medo de filme de terror, de viagens de mais de 1000km de carro, de nunca conseguir romper o ano acordada... Era sempre uma boa expectativa que o tempo acaba nos roubando.

Aí chegou Alice e nosso primeiro Réveillon, o de 2011, foi com ela na barriga, grãozinho de feijão ainda, e o ano novo voltou a me preencher de expectativas. Aquele seria o ano de vermos ela nascer, de renascermos com ela, de saber que pais seríamos, que filha ela seria e como seríamos 1,2,3 juntos (piada interna). Foi um ano de muitas mudanças, literalmente e principalmente pra mim. Foi sabático, intenso e feliz.

Depois veio 2012 e mais uma vez eu ansiava por ele. Foi nele que a vimos crescer, engatinhar, comer, falar, ir pra escolinha, se tornar mais independente. Foi o ano do primeiro aniversário dela. Foi também o ano em que voltei a trabalhar e, para minha grata surpresa, me encontrar profissionalmente como nunca.

E em 2013 não foi diferente, teve seu segundo aniversário, a construção de frases longas, as demonstrações de amor mais intensas, a definição maior da sua personalidade e o alcance de marcos importantes no desenvolvimento dela. Até me pegar, no último dia do ano, fazendo por ela o que eu tanto gostava de fazer com meus pais. Comprar sua mochila, lancheira, massinhas, tintas e seus lindos lápis de cor (pra eu depois raspar a borda de um por um, deixando um espaço de madeira livre onde vou escrever ALICE MAIA, como minha mãe sempre fez com os meus e a gente não trocar com os dos colegas). Escolhemos o material dela com a felicidade de poder dar a ela o que não pudemos ter. Feliz de nós que o tempo passa e, com ele, algumas coisas materiais se tornam mais acessíveis e a vida da gente mais fácil e mais prática. Fiz também um pudim, que era pra ela saber que sabor tinha a ceia de Réveillon que eu mais amava na vida. E, aos poucos, proporcionamos a ela a oportunidade de provar sabores e sensações de amor que alimentam nossa alma e nos preenchem por toda vida, independente de quantos novos anos cheguem.

Então eu percebi que ela é quem renova meu ano. Renasço nela e na vontade de acompanhar a sua vida, de vê-la completar seus ciclos, subir seus degraus. 2014 é o ano de sair da creche e entrar para o maternal. É o ano da tarefa de casa, de vê-la reconhecer as letras (os números e cores ela já sabe! Rá!), de segurarmos a mão dela pra cobrir as linhas pontilhadas, de ligar objetos associados, de interpretar textos, de colorir as figuras e de continuar vendo como ela cresce rápido, de continuar ouvindo as coisas mais lindas e engraçadas que ela diz, de guiar mais alguns de seus passos e de esperar incontáveis Réveillons pela frente.

Feliz ano novo, Alice!