terça-feira, 28 de outubro de 2014

Chá no País das Maravilhas

Alice adora brincadeiras com bonecas onde inventamos histórias e interpretamos papéis. E eu gosto de colocar uns elementos bem diferentes pra estimular a criatividade dela e tornar a brincadeira mais divertida.

Um dia estávamos rodeadas de brinquedos e eu sugeri a ela fazer um chá temático. Perguntei se ela queria tomar um chá com Alice no País das Maravilhas e óbvio que ela achou o máximo. E lá fomos nós, produzir o cenário pra brincadeira começar.

Contei a ela um pouco sobre sua xará famosa e mostrei algumas imagens do filme (que ela ainda não assistiu todo), nada muito demorado pra não perder a graça. Depois, tínhamos um objetivo: arrumar o chá com elementos pertinentes e colocar os personagens no lugar. Escolhemos bonecos que se pareciam muito com os personagens do filme. Outros nós inventamos mesmo, com muita criatividade e muito riso solto. Também fantasiei ela e tivemos duas Alices no chá mais delicioso que já fizemos.

Essa foi a imagem inspiradora:





E este foi o nosso evento:



Conseguimos convidar a Alice, a Lebre, o Gato (olha que sorriso igual!), o Chapeleiro Maluco (brilhantemente interpretado pelo Ben 10 e seu chapéu de folha de revista) e, como em toda festa, Botas resolver dar uma de penetra. Segundo Alice, já que sua xará tinha um gato, ela também tinha que ter um amigo animal.

Destaque para o buffet da festa, totalmente produzido pela anfitriã em massinha de modelar.

"Eu que vou colocar o chá dela."

"Esse é muito gostoso, viu Alice?! É chá de suco!"

"Tem biscoito, rosquinha..."

"Mamãe, acabou!"

Passamos algumas horas brincando de filme, mas não tinha script. Alice, talentosa que é, abusou do improviso e de cacos no texto. Foi uma tarde maravilhosa.

Dessa ideia, dá pra extrair mais um monte. Explorar o filme preferido de cada criança, criar cenário, cenas, textos e deixar a brincadeira de contar história muito mais real e divertida. 

Depois de todo chá, Alice manda beijo.

domingo, 26 de outubro de 2014

Em terra de chapinha, quem tem cachos é rainha!

Quando li pela primeira vez no Facebook essa frase, achei fantástica. Me sinto totalmente representada. Não pessoalmente, mas através de Alice e de todo esforço que faço para que ela ame seus cabelos cacheados.

Alice nasceu bastante cabeluda, mas com cabelos lisos e pretos. Com 4 meses, praticamente todo cabelo dela tinha caído e foi nascendo um cabelinho bem diferente: clarinho e cacheado. E por causa desta transição entre ter e não ter cabelo, acabei não acostumando ela a usar adereços do tipo lacinhos, tiaras, xuxinhas e afins... Então o cabelo dela cresceu e ela dificilmente usa algo nele.

O segredo agora é mantê-lo com os cachos definidos e bem hidratados para que fiquem lindos do jeito que ela gosta: solto! Cabelo cacheado dá muito mais trabalho pra ficar bonito, mas quando a gente descobre o segredo ele fica incrível! Bati cabeça até descobrir os melhores produtos pro cabelo de Alice e agora dou algumas dicas:

É importante cuidar da hidratação dos cabelos. Por isso, priorizo os produtos adequados à idade dela, pois não agridem os fios e evitam o ressecamento.

Atualmente usamos produtos da Johnson's Baby, da linha Hidratação Intensa, que tem um cheirinho suave e conseguem deixar o cabelinho dela muito brilhante e macio. Lavo uma vez ao dia com o shampoo e condicionador da linha. Ainda com o cabelo molhado, uso o creme para pentear e modelo os cachinhos amassando com as mãos. Deixo secar naturalmente.


Uma grata surpresa que tive nos últimos dias foi em relação à linha Mamãe Bebê da Natura. Deixei de usá-la desde que acreditei que Alice não era mais um Bebê e achava que não seriam eficazes quanto à hidratação por serem muito suaves. Alice ganhou um kit no seu último aniversário e eu resolvi usar por amar o cheiro que ela fica com essas coisinhas de neném. E não é de ver que o cabelo ficou o máximo?! Amei. A suavidade no cabelo dela ajudou muito. Definiu bem os cachos e não parecia ter resíduo de produto. Então eles também viraram opção. Os produtos possuem refis, o que barateia bastante quando se decide usá-los continuamente.


Quando uso os produtos da Natura, utilizo como finalizador o  condicionador desembaraçante em spray da mesma marca, mas da linha Natura Naturé. Ele é pra ser usado sem enxague. 


Ele também tem sido meu aliado para horas de pentear os cabelos dela quando estão secos. Principalmente quando acorda para ir pra escola e não dá pra lavar os cabelos (pelo frio ou pelo horário apertado). Uma dica que toda cacheada sabe, mas a mamãe aqui demorou de aprender: Nunca penteie um cabelo cacheado depois de seco. Isso desfaz os cachos e dá um aspecto bagunçado e volumoso que não fica legal. Eu molhava e usava o creme para pentear da Johnson's, mas esse negócio no spray me economiza uns bons 5 minutos. E posso fazer isso na cama ou na mesa enquanto ela toma seu "gagau"matinal.

Tenho o relato fotográfico disso! rsrs

Quando ela acorda, o cabelo tá assim... tipo um "fuar". rsrsrs


Uso o spray (bastante concentrado nas pontas) e penteio com muito cuidado para desembaraçar sem doer ou quebrar os fio. E... tcharam!


Pronta para arrasar!

Olha o cabelo em outras ocasiões usando os produtos da Johnson's:


Linda, não é? 

Outra coisa: cuidado com os produtos de linha Kids. Eles geralmente são recomendados para crianças a partir de 4 anos. Eles podem arder os olhos, são mais agressivos e ressecam o cabelo mais fino das crianças menores.  

Faço todo esse malabarismo pra ela amar esse cabelão e detestar o meu sem graça. E ela gosta tanto do cabelo dela e dos elogios que recebe por ele (todo elogio que fazem vem acompanhado de algum comentário sobre este cabelo), que não faz a mínima questão de chegar perto do meu secador. Tomara que isso dure!






quarta-feira, 24 de setembro de 2014

Arrumação Cult Cult

Casa com criança precisa de praticidade e um pouco de organização. Mas isso não quer dizer que a gente consiga. Eu tenho ficado paranóica com arrumação, apesar de minha casa estar sempre bagunçada. É um paradoxo inexplicável. A bagunça me angustia, mas a sensação de ineficácia na arrumação, me impedem de tentar. Complexo! E hilário!

Diante disso, tenho caçado algumas boas ideias sobre organização para compartilhar aqui. Tanto para coisas dos filhos, como para as da casa e as nossas também. Meu primeiro exemplo é muito simples e atende uma necessidade que eu tinha. 

Eu amo colares delicados e tinha uma coleção deles. Mas depois que Alice nasceu eu os usava bem pouco porque sempre que eu ia pegá-los, estavam embolados e acabam atrapalhando a dinâmica da minha arrumação e consequentemente atrasando todo mundo. Um dia resolvi desembolar todos e cacei um jeito de guardá-los. Como eu usava um gancho para pendurá-los e não estava dando certo (tanto porque Alice os pegava, quanto porque eles continuavam se enroscando), busquei no nosso querido Google essa ideia que mostro agora pra vocês, somente após passar pelo meu controle de qualidade:



Era só colocar cada um num canudinho comum, um pouco mais grosso. Agora posso guardá-los num saquinho de tecido na minha gaveta de roupas mesmo e fica até mais fácil para visualizar e escolher.


As fotos não ajudam, mas a ideia é muito boa, simples e barata. Até me empolguei pra reformar alguns que tinham quebrado. E agora não tenho mais essa preocupação. Espero que seja útil para vocês, mamães ou não, tanto quanto foi pra mim.


segunda-feira, 15 de setembro de 2014

Visitando a Oftalmologista

Quando Alice nasceu, fizemos o teste do olhinho ainda na maternidade e, mesmo estando tudo em ordem com ela, fomos orientados a levá-la anualmente para manter o acompanhamento. O fato é que, na correria, a gente acaba deixando de lado e acabamos não levando. Como ela completou 3 anos e já está estudando, resolvemos que tava na hora dela ir na "Titia Dra. Oftalmologista". 

Toda vez que a levamos a algum consultório ou para tomar vacinas, sempre explicamos a ela antes o que vai acontecer. Simulamos os exames de brincadeirinha e deixamos ela bem à vontade para fazer perguntas sobre o que a espera. Essa atitude faz com que ela perca o medo e se sinta mais tranquila nos ambientes diferentes, pois ela imagina os procedimentos que vão realizar. Isso não a impede de chorar quando toma vacinas ou tira sangue, mas não fazemos disso um terror. Ela chora porque sente dor, não pelo medo.

Técnicas de Pai e Mãe à parte, fomos eu e ela pro hospital. Marquei consulta para nós duas para aproveitar o embalo, mas já fui preparada para não fazer a minha consulta, caso fosse um problema pra ela me esperar. Levamos lanches e brinquedos. Como a consulta foi no mesmo hospital onde ela nasceu e onde ela já foi atendida em outras especialidades, já estava bem familiarizada com o ambiente e procurou logo a mesinha de brinquedos pra se distrair:



Depois, fui chamada para fazer algumas medições e ela deu uma implicada com as auxiliares que faziam os exames. Chorou e não queria que fizessem nada comigo. Pensei que ela não fosse permitir que terminassem, mas concordou após ganhar um bom pirulito. 


Quando foi a vez do consultório ela ficou muito curiosa, mas não deixou de ficar um pouquinho assustada. Dá pra ver a cara, não é? rsrsrs


Mas, pra nossa sorte, a médica era muito atenciosa e carismática. Fez brincadeiras e deixou Alice tão envolvida que quando se deu conta, já tinha até dilatado a pupila. 



Depois foi a vez da minha consulta e ela novamente não gostou muito. O lema dela é: mexa comigo, mas nunca, em tempo algum, mexa com a minha mãe! hahahaha O bom é que eu e a médica conseguimos envolvê-la e contornamos a situação. Consegui fazer minha avaliação direitinho.

A parte chata só foi a hora de pingar o colírio da segunda vez, pois ela resistiu um bocado. Eu conversei com ela, que acabou topando, mas chorou por uns bons 5 minutos depois. Fora isso, foi tudo uma festa!

Resultado da visita: Alice não precisa de óculos, mas deve continuar visitando a médica anualmente para acompanhar e a mamãe foi absolvida do uso de óculos (após 10 anos seguidos) e também só vai fazer charme usando os modelos escuros.

A médica também orientou que devemos sempre observar as crianças para perceber os sinais da dificuldade de enxergar. Temos que ver se elas franzem o cenho ao fixar os olhos num objeto, se reclamam de dor de cabeça, se tem queixa de não enxergar ao longe ou possuem algum desvio no olho. Devemos sempre conversar com os professores das crianças e perguntar se eles notam algo desse tipo. Como é muito difícil notar problemas mais leves nas crianças, a recomendação da médica é que a partir de 1 ano e meio de idade, as crianças já comecem a visitar o oftalmologista anualmente.

E vocês, mamães e papais, já levaram seus pequenos no oftalmologista?






terça-feira, 9 de setembro de 2014

Mham Mham Mham! Delicious!

Outro dia, o Papai estava dizendo que a gente tinha parado de fazer "coisas de adulto"com Alice e era verdade. Ela sempre gostou de estar perto da gente em atividades que eram exclusivas da nossa rotina e que faziam com que ela se sentisse importante, útil etc.

Comigo, ela gosta de colocar as roupas na máquina de lavar, ajudar a estender quando lavadas, lavar louça, varrer a casa e passar pano no chão. Com o Papai, ela conserta coisas da casa, dá manutenção na moto e na bicicleta. Tudo no tempo dela, uma vez que, por mais interessante que a atividade seja no início, ela pode enjoar em poucos minutos. Quando ela cansa, a gente entende e não força. O importante é a conexão dela com a gente, o espírito de cooperação que queremos transmitir.

Desta reflexão, escolhi fazer com ela uma atividade que eu amava quando criança e que minhas tias e minha madrinha me contemplavam sempre que possível: fazer bolo!

Bolo é um negócio que pra mim, tem cheiro, gosto, textura, cor e sensação de infância. Até hoje tenho essa relação afetiva com bolo, com a tigela de massa pra lamber, com o fazer dele. O interessante é que não aprendi com elas as receitas elaboradas que fazíamos, como a que levava um creme de margarina e açúcar na base e que davam um trabalhão pra fazer, mas tinham um sabor inconfundível. Hoje faço apenas bolo de caixa e me sinto orgulhosa de não "solar" nenhum. E foi essa minha pouca sabedoria cheia de carinho que passei pra Alice. Olha como ela se saiu:

O episódio do ovo é fantástico!

Primeira tentativa: FAIL!



Segunda tentativa!



Depois misturamos bastante os ingredientes








Untamos a forma.




 Apresentamos o resultado da massa com orgulho.



Lambemos a tigela.






Pausa para uma atividade artística enquanto o bolo assa.




 De banho tomado e... TCHARAM! O bolo pronto!





Não tenho registros dela comendo, mas garanto que ela curtiu mais do que todos os bolos que ela já havia comido. Ao provar o primeiro pedaço, ela disse com muito orgulho o que sempre costuma dizer quando alguém faz uma comida gostosa pra ela: mham mham mham! Delicious!

Essas coisinhas que, por vezes, parecem muito trabalhosas, trazem para os pais e filhos uma conexão fundamental. Trabalham a coordenação motora, a independência, a criatividade e auto estima das crianças. Além de apresentar situações do mundo real que frenquentemente elas vão se deparar quando maiores. Então, papais e mamães, arregacem as mangas, percam a preguiça e o nojo de bagunça e mãos à obra com seus filhos! Escolham algo de que vocês gostem ou precisem fazer, convoquem seus filhos e divirtam-se. 

Minhas sugestões: cozinhar, organizar as fotos da família, pintar um quadro ou um cômodo da casa, fotografar, limpar o quintal, organizar e ouvir cds ou arquivos de música, consertar algo quebrado, lavar veículos e tudo mais que vocês imaginarem.

Não se frustrem caso eles não gostem ou desistam no meio da atividade, o importante é dar o primeiro passo.

Vamos?


quinta-feira, 1 de maio de 2014

O encontro de Alice, Jesus e o Amor

Hoje eu acordei cedo e fui dar uma arrumadinha da casa, aproveitando que Alice ainda dormia. Passou um pouquinho das oito horas e ouvi um resmunguinho dela vindo do quarto. Entrei, ela estava se espreguiçando e num movimento rápido, sentou e disse:

- Mamãe, Jesus tava sem camisa!

Prontamente, emendou:

- Ele tava com sangue por aqui e por aqui. (Passando as mãozinhas pelo próprio tronco e braços) Aí eu peguei ele no colo e levei ele pro chuveiro. E o sangue lavou, lavou, lavou. Desceu, desceu, desceu e foi pelo ralo. Depois eu peguei ele de novo, coloquei na cadeira e vesti uma blusinha nele.

Com a mesma velocidade ela deitou e disse:

- Agora vou te contar outra história. Pode ser de Ben 10? 

E continuou falando coisas bastante infantis, como se ela não tivesse contado a primeira história.

Nesse momento, eu nem sabia o que dizer a ela. Meus olhos estavam cheinhos de lágrimas. Mas como ela ainda não associa o choro à emoção, e sim à tristeza, eu engoli e fui conversar sobre o Ben 10.

Mas desde aquele minuto, eu não paro de agradecer a Deus pela filha que me confiou. Meu susto e minha emoção sobre a história de Jesus se dá porque, aqui em casa, nunca apresentamos Jesus a ela através da figura crucificada. Jesus é sempre nosso exemplo de amor, união, caridade, perdão e benevolência. Talvez, por conta da Páscoa, ela possa ter visto Jesus crucificado. Então, o que me alegra, é ver que essa figura da crucificação não a chocou. Mas tocou o coração dela para o exercício do que o próprio Jesus nos ensinou: do amor, do cuidado e da compaixão. Neste momento, senti uma conexão Divina e uma prova perfeita de que todo nosso esforço em prol de uma educação baseada em amor e respeito por nossa filha (e não uma educação punitiva) faz todo sacrifício valer a pena. Nossa filha não tem medo, nossa filha pensa! 

Estamos guiando uma pessoa por um caminho melhor que o nosso. Estamos apresentando ao mundo o melhor dos nossos valores através da nossa filha. Nós, como pais de Alice, acreditamos que as crianças que estão nascendo nos últimos anos são realmente especiais. Espíritos evoluídos que precisam e merecem espaço para desenvolver suas emoções e habilidade, tornando-se indivíduos seguros, tolerantes e capazes de dar e receber amor. E cada manifestação dessa característica em Alice nos faz felizes pela missão honrosa que Deus nos deu ao nos enviar este anjo. 

Ouvi duas frases na missa essa semana que não saem da minha cabeça e mais uma vez, minha crença nelas e em um mundo melhor aumentou: "Quando Deus mora no coração das pessoas, elas só podem viver e praticar o amor. Nascer do alto é nascer do amor."

Nossa filha nasceu do alto. Nasceu do amor. E que ela possa viver nele e leva-lo aos lugares onde ele ainda não conseguiu chegar.

Meu desejo é que todas as crianças que nascem, e certamente nascem do amor de Deus, encontrem solo fértil onde possam brotar, frutificar e saciar a fome que o mundo tem de amor.

Que assim seja! Amém!





sábado, 8 de março de 2014

A invenção da Supermulher*

Nunca foi tão fácil ser mulher no ocidente e consequentemente no Brasil. Afirmo categoricamente isto porque as pesquisas estão aí pra nos provar. Segundo dados brasileiros fornecidos pelo IBGE no documento chamado Síntese dos Indicadores Sociais de 2013, a população brasileira é composta por 51,3% de mulheres que estão casando-se cada vez menos, tendo cada vez menos filhos e estudando e trabalhando formalmente cada vez mais.

O que não quer dizer que ainda não há muito a se fazer. Há sim. E tem sido feito, todos os dias, por corajosas mulheres que dão a cara para bater para que as portas se abram para todas nós passarmos. Enquanto mulheres ocupam cargos nunca antes imaginados, como o da Presidência da República, outras tantas continuam sofrendo violências física e psicológica até dentro de suas próprias casas. E essas mulheres, encorajadas pela rede de suporte e valorização que está sendo desenvolvida pela sociedade e poder público, têm podido se libertar e dizer “não” a situações excludentes e criminosas.

Uma maior liberdade para fazer escolhas e a conseqüente afirmação como trabalhadoras formais (o que as tornam mais independentes financeiramente) tem influenciado diretamente nos novos arranjos familiares que estão sendo experimentados no país. Por isto, atualmente 38% dos lares tem como “pessoa de referência”1 uma mulher, que geralmente é a principal fonte de recursos ou a principal tomadora de decisões do lar. Este número cresceu 10% de 2002 até 2012.

Portanto, a mulher brasileira se equilibra entre as lutas diárias contra o preconceito e as oportunidades de brilhar e de se tornar independente. E esse é o primeiro super poder dela: se equilibrar. As mulheres bateram no peito, queimaram seus sutiãs e foram à luta em busca de igualdade, mas não deixam e não podem deixar de lado os papéis sociais que foram confiados a elas desde sempre. Então o jeito é ir ganhando espaços até onde os braços alcançam e dão conta de segurar.

Outro super poder que deriva desse equilíbrio é a capacidade de realizar multitarefas. A mulher é mãe, dona de casa, funcionária, amiga, esposa, namorada, filha e consegue separar melhor essas relações de modo a ir desempenhando os papéis sem que um interfira totalmente no outro. Dá pra atender ao telefone, dar banho nos filhos, redigir um relatório, cuidar do jantar e lixar as unhas ao mesmo tempo com uma simplicidade enlouquecedora aos olhos dos homens. Dá pra surtar também, mas logo passa. A Supermulher não tem tempo pra se lamentar. Essa capacidade alçou a mulher a uma condição privilegiada no mercado de trabalho e a coloca em vantagem para exercer atividades que necessitam de visão macro e holística do negócio.

Porém, muitas dos percalços ainda são frutos de uma herança machista que ta longe de desaparecer. Ainda em 2012, os homens tinham uma jornada média semanal de 10 horas dedicadas a afazeres domésticos, enquanto as mulheres se dedicavam, no mesmo período, ao dobro do tempo (cerca de 20,8 horas), mesmo trabalhando também fora de casa. Isso tem mudado. Elas têm exigido mudanças e os homens têm respondido a essa demanda. Mas a condição ideal de divisão ainda é para poucas, pouquíssimas delas.

Também tem sempre aquela Kryptonita2 que insiste em provocar certo desânimo como uma pia de pratos que, no instante em que damos as costas, volta a encher na velocidade da luz (o mesmo acontece com o cesto de roupas sujas), tem também uma ou outra porta que se fecha no nosso nariz por uma “simples questão de gênero”, uma febre de filho, uma calça jeans apertando, uma saudade de pequenos prazeres roubados pela rotina, uma conta atrasada, uma dieta que não sai do projeto etc.

E a Supermulher infelizmente tem o “contra poder” de querer ser perfeita, de se sentir culpada, do “e se eu fizesse diferente”. Por que a cobrança sobre elas é ainda maior. A mulher precisa provar várias vezes ao dia o merecimento de cada conquista. Então elas são cobradas em aspectos físicos, sociais, intelectuais, de competência e um sério agravante: de estética. É absurdo os padrões estéticos que são impostos a elas. É importante e urgente ser um símbolo de perfeição. Todas têm de viver impecavelmente lindas, magras e sensuais a todo o momento. E pasmem: a maior cobrança acontece entre as próprias mulheres, por viverem comparando-se a ideais e padrões de beleza surreais. Ai da mulher que hoje não esteja de unhas feitas, cabelos lisos, pernas torneadas e com a tão falada barriga negativa. Tá tudo lá nas revistas, na TV, na internet, como se fosse possível e fácil para todas.

Há também mulheres que viram a mesa e hoje podem dizer que não vão seguir esse padrão e não se casam, não têm filhos, moram sozinhas, pagam suas contas, assumem seus pneuzinhos, sua opção sexual diferente e vão muito bem. Ou mulheres que se dedicam à carreira, que estudam, que batalham e que se permitem mudar de ideia ao longo da vida. Isso porque elas decidem sobre o que fazer com as próprias vidas. Hoje dá pra ter até nome de fruta, dá pra viver do corpo, da beleza... Tudo bem que as queimadoras de sutiã não queriam bem isso, mas todo mundo há de convir que é um passo grande no quesito liberdade. Segue quem quer, gosta quem quer. Há quem prefira a inteligência. Há quem prefira a força.  

E as Super Mulheres, apesar de ainda passarem por dificuldades, seguem suas vidas sem desanimar, afinal a Mulher Maravilha é feliz, acima de tudo. Existem muitas mulheres magníficas que são admiráveis por sua obra e sua história de vida e que poderíamos passar horas nomeando: mulheres comuns, grandes e pequenas empresárias, mulheres famosas, precursoras, formadoras de opinião, “quebradoras” de tabus e anônimas que encontramos ao longo da vida... Elas merecem todo respeito que conquistaram dia a dia com suas posturas autênticas e competentes, fruto de atitudes respeitáveis. Mulheres que abrem espaços por puro mérito, sem levantar bandeiras repetitivas e vazias. Porque como diz a minha mãe: Status não enche a barriga de ninguém, meu bem! Elas vão lá e fazem por merecer. E não há Super Homem no mundo que não sucumba diante do poder que elas representam.

1Termo utilizado pelo IBGE para se referir ao “chefe de família”
2Mineral criado nas histórias do Superman que tem o poder de neutralizar seus super poderes.

Gabriela Andrade
Mulher, mãe, esposa, profissional formal, dona de casa, blogueira e ainda consegue escrever pra revista.
Comunicóloga, habilitada em Relações Públicas pela Universidade do Estado da Bahia – UNEB
Especialista em Marketing e Branding pela Universidade Salvador – UNIFACS
Analista de Marketing da Comercial São Luis


*Texto Publicado na Revista AUGE - edição 01 de 2014.
http://www.revistaauge.com.br/

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

O Ano Novo

Eu sempre gostei da passagem do tempo. Adoro meu aniversário, gosto muito de Réveillon e essa sensação de algo novo que vem por aí me dá uma motivação muito gostosa. Mas faz alguns anos que não via mais tanta graça nessa coisa de mais um ano. A vida acabava não mudando muito com o calendário. O dia a dia era o mesmo, sem muita novidade e o calorzinho do meu coração também foi diminuindo. Eu lembro de como eu me sentia feliz quando depois de batermos muita perna na rua, chegávamos em casa com muitos livros, material escolar e íamos encapando eles, anotando os nomes, guardando os lápis de cor. Ah! Livros e lápis de cor! São duas das coisas que eu tenho uma relação de ternura e encantamento. Livro novo tinha cheiro de ano novo, tinha gosto de muita coisa nova pra aprender, tinha cheiro de atividade mimeografada na escola e que eu coloria com meus lápis e muito capricho. Ano novo tinha cara de férias com os primos, de praia até pegar insolação (que Deus me perdoe por isso. rsrs), de quantos picolés capelinha a gente conseguisse chupar, de videogame, de medo de filme de terror, de viagens de mais de 1000km de carro, de nunca conseguir romper o ano acordada... Era sempre uma boa expectativa que o tempo acaba nos roubando.

Aí chegou Alice e nosso primeiro Réveillon, o de 2011, foi com ela na barriga, grãozinho de feijão ainda, e o ano novo voltou a me preencher de expectativas. Aquele seria o ano de vermos ela nascer, de renascermos com ela, de saber que pais seríamos, que filha ela seria e como seríamos 1,2,3 juntos (piada interna). Foi um ano de muitas mudanças, literalmente e principalmente pra mim. Foi sabático, intenso e feliz.

Depois veio 2012 e mais uma vez eu ansiava por ele. Foi nele que a vimos crescer, engatinhar, comer, falar, ir pra escolinha, se tornar mais independente. Foi o ano do primeiro aniversário dela. Foi também o ano em que voltei a trabalhar e, para minha grata surpresa, me encontrar profissionalmente como nunca.

E em 2013 não foi diferente, teve seu segundo aniversário, a construção de frases longas, as demonstrações de amor mais intensas, a definição maior da sua personalidade e o alcance de marcos importantes no desenvolvimento dela. Até me pegar, no último dia do ano, fazendo por ela o que eu tanto gostava de fazer com meus pais. Comprar sua mochila, lancheira, massinhas, tintas e seus lindos lápis de cor (pra eu depois raspar a borda de um por um, deixando um espaço de madeira livre onde vou escrever ALICE MAIA, como minha mãe sempre fez com os meus e a gente não trocar com os dos colegas). Escolhemos o material dela com a felicidade de poder dar a ela o que não pudemos ter. Feliz de nós que o tempo passa e, com ele, algumas coisas materiais se tornam mais acessíveis e a vida da gente mais fácil e mais prática. Fiz também um pudim, que era pra ela saber que sabor tinha a ceia de Réveillon que eu mais amava na vida. E, aos poucos, proporcionamos a ela a oportunidade de provar sabores e sensações de amor que alimentam nossa alma e nos preenchem por toda vida, independente de quantos novos anos cheguem.

Então eu percebi que ela é quem renova meu ano. Renasço nela e na vontade de acompanhar a sua vida, de vê-la completar seus ciclos, subir seus degraus. 2014 é o ano de sair da creche e entrar para o maternal. É o ano da tarefa de casa, de vê-la reconhecer as letras (os números e cores ela já sabe! Rá!), de segurarmos a mão dela pra cobrir as linhas pontilhadas, de ligar objetos associados, de interpretar textos, de colorir as figuras e de continuar vendo como ela cresce rápido, de continuar ouvindo as coisas mais lindas e engraçadas que ela diz, de guiar mais alguns de seus passos e de esperar incontáveis Réveillons pela frente.

Feliz ano novo, Alice!